Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp
Acreditamos na prática e na excelência consistentes. Valorizamos o trabalho relevante e a preeminência desse pensamento, antes de pensarmos em carreiras concluídas. Olhamos para as arquitectas e os arquitectos em exercício, para as reflexões que produzem e para as obras que edificam. O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp é isso mesmo: pressupõe uma carreira no activo, para que essa distinção seja capaz de a impulsionar e reconhecer mais ainda.
Esse talento – individual ou colectivo – é eleito por um júri internacional que discute essa relevância e a escolha dos vencedores de 2019 junta vozes plurais. Para a Trienal 2019, Leonor Antunes é a artista convidada responsável pela obra de arte que será entregue à vencedora. Esta distinção foi recebida pelo seu filho, Jim Venturi, sábado, dia 5 de Outubro.
Denise Scott Brown é uma das vozes incontornáveis da arquitectura do Século XX. É a vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp, com a distinção de excelência d’A Poética da Razão, da Trienal 2019. A sua obra e pensamento inovador continuam a ser o ponto de partida de múltiplas referências no mundo inteiro. A deliberação do júri assenta nos pilares do seu trabalho como arquitecta, professora, escritora, designer e urbanista.
“Estamos muito satisfeitos em poder reconhecer Denise Scott Brown pela sua contribuição para o campo da arquitectura e do ambiente construído. Numa altura em que arquitectos, teóricos, urbanistas e profissionais são convidados a pensar em todas as escalas do ambiente construído em conjunto, o trabalho de Denise Scott Brown é um exemplo inspirador daquilo que é possível: ultrapassar as fronteiras disciplinares para projectar novas possibilidades para a arquitectura como forma de investigação e como prática. Os reconhecimentos ao longo da vida muitas vezes estão ligadas ao passado, mas com este prémio estamos exacerbados por celebrar o legado de Denise Scott Brown para o futuro, como um presente para as próximas gerações de arquitectos ao redor do mundo.”
Da Zâmbia, de onde partiu com apenas dois anos, viveu em Joanesburgo até se mudar para Londres, depois de concluir o percurso académico. Actualmente reside em Filadélfia, onde desenvolveu toda a sua investigação e corpo de trabalho. Foi aqui que alargou as raízes da sua obra, pautada pela multidisciplinaridade de áreas. Em arquitectura, trabalhou em territórios distintintos que vão desde Estados Unidos da América a Marrocos e foi conselheira no desenrolar projectual do World Trade Center (1973). Como professora, leccionou nas Universidades de Berkeley, Pensilvânia, Yale, Michigan, Harvard, Kentucky, Brown, Princeton e Beijing e assumiu cargos de direcção em Santa Bárbara.
Nos últimos 40 anos, a sua visão tem influenciado a evolução da pesquisa em arquitectura. Escreve de forma regular para publicações da especialidade, tendo seis livros editados. O primeiro, em co-autoria com o seu companheiro Robert Venturi, “Learning from Las Vegas” (1972) que foi traduzido para nove línguas, incluindo português, e investiga a cidade móvel emergente do século XX, a relação do social e do físico, do simbolismo e da comunicação, na arquitectura e no urbanismo. O mais recente livro de Denise Scott Brown “AA Words 4: Having Words” (2009), é uma antologia de textos que explora a sua prática e pensamento ao longo dos seus cinquenta anos de percurso. De 1985 a 2019 Scott Brown foi distinguida com quinze prémios, desde o Vilcek ao Design Mind Award, da Medalha de Ouro do AIA à de Benjamin Franklin e a sua carreira é, agora, reconhecida com este a 5ª edição deste prémio.
“A Denise ainda é uma das fontes mais inspiradoras e significativas para formar discursos e práticas arquitectónicas críticas. As suas teses e formas de pensar desbloquearam a mudança de paradigma que ampliou o pensamento interdisciplinar e crítico através do processo de design. Scott Brown ensinou-nos a liberdade”
O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp, é atribuído após selecção independente que passa por duas fases distintas. Numa primeira fase, algumas dezenas de individualidades da área da arquitectura a nível internacional são convidadas pela Trienal a indicar, cada uma, até três nomes que considerem merecer o prémio. Da lista resultante é elaborado um dossier com informação sucinta sobre cada nome. A lista é então entregue ao júri, cuja composição integra sete personalidades oriundas de vários continentes e que seleccionam o vencedor ou a vencedora.
Júri
Amale Andraos, Claudia Taborda, Enrique Walker, Éric Lapierre, Kunlé Adeyemi, Momoyo Kaijima, Sharon Johnston.
Lista de nomeadores
Ana Luiza Nobre, Anastassia Smirnova, André Tavares, Ariadna Cantis, Arturo Scheidegger, Dalila Rodrigues, Deniz Ova, Emilia Giorgi, Ethel Baraona Pohl, Fabrizio Gallanti, Fernanda Fragateiro, Filipa Oliveira, Hanna Dencik Petersson, Hanna Harris, Herbert Wright, Ilka Ruby, Ivan Blasi, James Taylor-Foster, Jimenez Lai, João Belo Rodeia, Josephine Michau, Juan Coll-Barreu, Kaye Geipel, Kenneth Frampton, Leonor Cintra Gomes, Luís Santiago Baptista, Marianne Burki, Mimi Zeiger, Moisés Puente, Nathalie Weadick, Ning Ou, Pedro Baía, Ricardo Gomes, Ruzica Saric, Saimir Kristo, Taro Igarashi, Tatiana Bilbao, Tetsuo Kondo, Tim Abrahams, e Victoria Thornton.
Em edições passadas, o Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp distinguiu Lacaton & Vassal (2016), Kenneth Frampton (2013), Álvaro Siza (2010) e Vittorio Gregotti (2007). Enaltecer os autores que participam na arquitectura e a elevam a um estatuto primordial do quotidiano é um dos objectivos da Trienal.