28 Novembro
Agricultura e Arquitectura:
Do Lado do Campo
A situação ambiental que o mundo enfrenta actualmente (alterações climáticas, pico do petróleo, esgotamento de minerais e metais, erosão dos solos, escassez de água doce, colapso da biodiversidade, etc.) desafia seriamente as formas como as sociedades humanas se desenvolveram desde, pelo menos, a revolução industrial. As nossas formas de aquisição e gestão de recursos básicos (em particular alimentares), e de habitar e organizar territórios (arquitectura e urbanismo) vão ser indubitavelmente afectadas, tornando-se em questões fundamentais para que as sociedades humanas se preparem para as décadas altamente problemáticas que se avizinham.
Neste contexto, a nossa hipótese central é a de que a agricultura e a arquitectura (que surgiram como disciplinas gémeas da Revolução Neolítica há cerca de 10 mil anos) formam um sentido, e que as suas respectivas preocupações, após dois séculos de separação e afastamento progressivos, deveriam de facto estar estritamente reconectadas e repensadas em conjunto. Serão as metrópoles o “destino manifesto” da humanidade? Será que a situação ambiental exige mais concentração e incorporação? Ou é conducente a algum tipo de êxodo urbano? Em geral, quais poderiam ser os princípios e a ética do design em tal condição? Estas são algumas das questões que discutiremos com os nossos convidados: David Holmgren, co-fundador australiano do conceito de permacultura, autor de Permaculture: Principles and Pathways Beyond Sustainability (2002) e RetroSuburbia: the Downshifter’s Guide to a Resilient Future (2018), Carolyn Steel, arquiteta e escritora britânica, autora de Hungry City: How Food Shapes Our Lives (2008), Colin Moorcraft, arquitecto e escritor britânico de assuntos ambientais, autor de Designing for Survival (Architectural Design, 1972), e Joëlle Zask, filósofa francesa, autora de La Démocratie aux champs (2016).
Este é um período de rápida expansão urbana mundial, com custos enormes e crescentes em termos de esgotamento irreversível dos recursos fósseis e minerais e degradação ambiental generalizada. As alterações climáticas são apenas um aspecto de um desafio mais profundo.
As cidades estão a parasitar fisicamente o resto do mundo – as “zonas rurais” locais e globais. Isto não faz sentido a longo prazo. Como podemos reconciliar as cidades com as suas zonas rurais locais, globais e internas – para melhorar as perspectivas humanas a longo prazo? Devemos sonhar em juntar-nos a Elon Musk e à sua feliz tripulação de potenciais colonos marcianos para abandonar o nosso planeta natal danificado e ter a oportunidade de destruir outro corpo celestial?
Colin Moorcraft (UK)
Esta exposição destaca a permacultura como uma tentativa significativa de abordar a crise existencial enfrentada pelas sociedades complexas a que convencionalmente chamamos civilização. Neste discurso, David Holmgren mostra como o conceito foi formulado no cruzamento entre a civilização e a natureza selvagem na Tasmânia, um lugar reconhecido como seminal na emergência do movimento ambientalista moderno. O co-originador do conceito de permacultura usa anedotas pessoais para ilustrar como “a acção está no limite”.
David Holmgren (AU)
Horário
Data
Bilhetes
Passe 3 dias – 40€
Programa
Moderado por Sébastien Marot
18:00 Apresentação por David Holmgren (videoconferência)
18:45 Coffee Break
19:00 Apresentações e conversas curtas com Carolyn Steel, Colin Moorcraft e Joëlle Zask
20:00 Drink & Talk* (Sala 1)
*Num registo mais informal e num outro ambiente, juntamos convidados das várias sessões a confrontar ideias e perspectivas sobre o tema com os oradores desta sessão.